sexta-feira, 4 de novembro de 2011

A Psicanálise na Terra do Nunca

Por Ana Lucia Santana
Na obra A Psicanálise na Terra do Nunca, escrita pelos psicanalistas Diana e Mário Corso, mais de quarenta produções ficcionais – televisivas, literárias e cinematográficas – são analisadas pelos autores sob a luz dos mecanismos que regem o inconsciente. Eles dissecam a essência da fantasia, demonstrando na prática sua atuação na psique humana e seu papel na expressão subjetiva do Homem. Assim, através de histórias extraídas da cultura popular tecida ao longo da trajetória da Humanidade no Planeta, abre-se uma trilha que conduz aos meandros da fantasia. Os escritores abordam a forma como a produção cultural representa as transformações nas relações familiares, nas interações pessoais, e nos estágios infanto-juvenis.
Mário e Diana afirmam que é nas esferas literárias e cinematográficas que o ser humano vai encontrar a plenitude de suas vivências, pois nas obras ficcionais os personagens representam os maiores desejos e as expectativas mais comuns do Homem, daí o vínculo identitário que ele estabelece com estas figuras imaginárias. Assim, esclarecem os psicanalistas, a fantasia atua como um dos principais fatores de constituição da subjetividade de cada um.
O universo do imaginário permite que os devaneios de muitos sejam partilhados por consumidores culturais de todas as partes do mundo, o que justifica boa parte de seu êxito na forma de bestsellers e sucessos de bilheteria. A análise aqui realizada parte da constatação de que o Homem já nasceu no âmbito das histórias, pois o próprio nome de cada um já traz em si uma bagagem que remete à trajetória de sua família, dos pais e de seus antepassados.
Nos ancestrais contos de fadas os personagens eram mais singelos, construídos em torno das tradicionais dicotomias – de um lado o bom, do outro o mau. Nas criações modernas as figuras são intrincadas, psiquicamente densas, cultivam uma existência interna e são ambíguas. Os autores citam o ogro Shrek como um modelo dessas figuras contemporâneas.
As mulheres também têm um espaço especial na obra, representadas especialmente por Alice no País das Maravilhas; ela é a primeira protagonista feminista significativa da história literária, que provoca uma ruptura do feminino com os padrões machistas da época. Através deste conto é possível avaliar o modo como a fantasia se adapta às características de cada período histórico.
Homer Simpson representa a explícita perda de território da paternidade moderna. Ele demonstra a mais completa carência de controle do chefe de família atual; o personagem não detém mais o domínio de seus familiares, é imaturo, isento de responsabilidades, o contrário dos pais antigos, simbolizados pelo patriarca da série Papai Sabe Tudo, em cartaz na década de 50.
Diana e Mário Corso são graduados em Psicologia pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul, onde se conheceram. Eles são especialistas no campo da psicanálise infantil e de adolescentes. Sua obra anterior, Fadas no Divã, dedicava-se à análise dos contos para crianças, no mesmo estilo do célebre psicólogo austríaco Bruno Bettelhelm.
Fontes:
http://jcrs.uol.com.br/site/noticia.php?codn=46490
http://marioedianacorso.com/psicanalise-na-terra-do-nunca/conteudo/Veja_PsicanalisenaTerradoNunca.pdf

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